29 de junho de 2009



















Hoje queria ter o poder em mim para apagar todas as marcas.
Todos os traços que em tempos nos ligaram e que agora não passam de pó.
Pó corrosivo, que queima a pele e a alma...

Hoje ficam apenas as memórias e as cicatrizes das lutas que travámos.
De nós, nada mais ficou.


E as memórias, apenas servem para ferir ainda mais...



Porquê?
 
26 de junho de 2009




(ou como a minha Escola prepara os seus professores e alunos para o Verão)

A minha escola é daquelas antigas. Muito antigas.
Cheias de cantos e recantos, portas, portões e portinholas, cujas chaves só alguns iluminados conhecem, arrecadações onde não se sabe muito bem o que existe nem há quanto tempo existe.
Cheia de vícios, muitos deles tão escondidos como as coisas.

Cheia de enredos e boatos, que se perpetuam ecoando nas paredes (e nas más línguas!).
Cheia de salas que dão para outros corredores onde existem salinhas, saletas e cubículos.
E os laboratórios não fogem à regra.
O molho de chaves para abrir todas as portas correspondentes ao laboratório de química, tenho para mim que deve pesar mais de uma tonelada. Vale-me a minha estimada colega que costuma ir buscá-las - todos bem sabem que sou uma rapariga fraquinha.
No referido laboratório existem milhares, talvez milhões, de frascos cheios de substâncias das mais diversas texturas e cores, que deverão ter, no mínimo, a idade da escola. Muitos deles vazios, partidos, sem etiquetas e com aspecto duvidoso.

A camada de pó que os cobre é mais espessa do que a neve da Serra da Estrela em pleno Inverno, o que revela bem a falta de utilização que têm. Até porque a chave do laboratório é uma daquelas reservadas a iluminados.
Mas adiante. Foi nesta actividade de limpeza, nunca antes vista, que eu e a outra colega, felizes contempladas, passámos a tarde de hoje. A inventar um inventário. Coisa nova naquelas paragens, ao contrário de tudo o mais que por lá existe…
Mais uma tarde... À qual se seguirão, definitivamente, mais…
Quando, já bastante cansadas, especialmente porque isto de andar uma tarde inteira de bata e luvas, com estas temperaturas, não é particularmente agradável, eis que nos preparávamos para lanchar.
Enquanto nos dirigíamos ao bar, já sentíamos, no nosso cérebro, o cheirinho do café, do pão e dos croissants!
Mas, qual não é o nosso espanto, quando descobrimos que o bar da escola está, a partir de hoje, parcialmente fechado para férias, só funcionando até as 15h.


Quer dizer, nem sei porque me apeteceu falar nisto, afinal até não é muito grave...
É só porque me palpita que quem tenha tomado a decisão de encerrar o bar não frequente a escola nas mesmas horas do que eu (e muitos outros como eu…).

Que isto de ter aulas até as 22h30 ou, em outros dias, até as 23h15 é só para alguns.
Sim, é verdade, eu até já sei que estou mais gorda. É um facto inegável.
Deve ser, provavelmente, por passar muitas horas sem nada fazer – pois todos sabemos que vida de professor é coisa boa.
E é por isso que venho aqui agradecer publicamente este esforço que a escola está a fazer para colocar os professores preguiçosos (como eu!) na linha.

No dia 17 de Julho, quando terminarem as aulas, aposto que estamos todos muito mais em forma para frequentarmos as praias por esse país fora e, eventualmente, pelo Mundo.
E quanto aos muitos alunos das turmas da noite, acho muito bem que agradeçam também.
Afinal, eles não sabiam que estavam inscritos num curso de Novas Oportunidades?
Quem sabe, assim, não têm oportunidade de seguirem carreiras no mundo da moda.
Tenho cá para mim que foi nisso que os chefes da minha escola pensaram.
Aqueles senhores antigos. Muito antigos. Como a escola.
Cujos cérebros, cheios de cantos e recantos, cheios de vícios escondidos, não se sabe bem se pensam nas coisas ou há quanto tempo deixaram de raciocinar.
 
24 de junho de 2009




Nunca gostei muito de mudanças.
Nem a minha condição de professora itinerante me habitua a isso.
Mudar de casa, mudar de terra, mudar de escola, mudar…
Há qualquer coisa em mim que insiste em manter-me colada ao passado e às memórias.
Há já algum tempo que tinha decidido mudar o ar deste meu cantinho.
Fui preparando o terreno em mim, solidificando as ideias.
Já tinha programado que seria no dia em que fizesse 3 anos.
Afinal, já desde
Janeiro de 2007 que tinha o mesmo ar…
Talvez um bocado escuro e nocturno… como eu!
Bem, mas como já disse, não sou dada a mudanças.
Por isso, nunca actualizei o blog.
Sempre preferi o desafio de brincar com o html em vez da facilidade das novas janelas.
E agora, decidida a manter o modelo como sempre quis, descubro que há coisas que já não consigo mudar…
Procuro pela net os códigos que me faltam e já não os encontro.
Parece que toda a gente mudou…
Entre as aulas que ainda tenho (e terei...) e todo o outro trabalho, não me sobra muito tempo e os dias vão passando sem que consiga ajustar este cantinho à imagem que tinha formado, há algum tempo, no meu cérebro.
Ando às voltas e voltas e voltas… e nada.
No outro dia, num acto de desespero, actualizei para o modelo novo mas, apesar de tudo parecer fácil e simples, não me enche as medidas. Até porque não consegui perceber como mudar aqueles pormenores que fazem deste o “meu” cantinho internético.
E ele continua assim, a sobreviver, mas ligeiramente menos meu do que antes...

Por isso, é só para avisar que, enquanto este meu sítio não estiver como eu quero, estou rabugenta.
Direi mesmo, "com a telha*".

[* Bell, e esta, sabes de onde vem? ;-)]
 
21 de junho de 2009




















Será que tem alguma coisa a ver com a minha ida recente ao Jardim Zoológico ou estará relacionada com a minha vontade de fugir a esta temperatura asfixiante que faz sentir em Lisboa?


Bom fim-de-semana!
 
16 de junho de 2009




O segundo número primo e o segundo número triangular.
O número atómico do Lítio.
As Leis de Newton.
Os moscãoteiros que acompanhavam o Dartacão! =)
Os irmãos Bee Gees. E o trio Odemira...

Os filmes da trilogia do Senhor dos Anéis.
As pessoas lá de casa.
Os gatos lá de casa até há pouco tempo…
A minha porta, em Aveiro.
O meu andar, em Torres Vedras.
A nossa ordem, contando a partir do Sol.
O número de translações da Terra desde que comecei a escrever por aqui.


Ah, é verdade mas já passa da meia-noite...
Mas não faz mal! A Terra anda devagarinho! =)


Mais uma vez, obrigada a todos (e, felizmente, são muito mais do que 3!) que têm sido a minha companhia internética por aqui.
Que cuidar deste cantinho sozinha, seria muito mais difícil!

Boa semana!
 
12 de junho de 2009





























Procura-se um amigo.
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo.
Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo.
Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo.
Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância.
Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.
Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

Vinicius de Moraes



Precisa-se de um amigo... mas um que o seja de verdade e que não faça de conta que o é apenas por acto de caridade ou por outra qualquer razão desconhecida.
Que pior do que perder um amigo, é apercebermo-nos de que aquela pessoa nunca o foi.
Porque aí, as memórias do que foram bons momentos, tornam-se pequenas grande torturas que nos corroem a alma...
 
11 de junho de 2009





























Será o facto de a minha escola ter a mesma idade do que o Jardim Zoológico que a torna tão parecida a uma selva???


 
4 de junho de 2009
































Assusta-me esta fragilidade que nos é intrínseca.
Esta atracção fatal e inevitável que temos pelo abismo.
Um dia, virá uma onda que será demasiado grande e nos arrastará pela água...
Até lá, apenas podemos esperar tentando permanecer de pé e, se conseguirmos, deixarmo-nos iludir pela canção de embalar das ondas e sorrir.







Breakable - Ingrid Michaelson