12 de junho de 2009





























Procura-se um amigo.
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo.
Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo.
Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo.
Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância.
Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.
Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

Vinicius de Moraes



Precisa-se de um amigo... mas um que o seja de verdade e que não faça de conta que o é apenas por acto de caridade ou por outra qualquer razão desconhecida.
Que pior do que perder um amigo, é apercebermo-nos de que aquela pessoa nunca o foi.
Porque aí, as memórias do que foram bons momentos, tornam-se pequenas grande torturas que nos corroem a alma...
 
Meia dúzia de palavras, já escrita fora de horas, pelas 01:51
6 Comentários:


At sexta jun. 12, 09:16:00 da manhã, Blogger RR

Li e voltei a ler.
E acho que provavelmente vou voltar a ler...
Às vezes é tão estranho nos vermos espelhados nas palavras dos outros, Marina...
Beijinho muito muito grande.

 

At sábado jun. 13, 12:53:00 da tarde, Anonymous Anónimo

...
Precisa-se mesmo...
Tal como a Rute disse, também eu me vi espelhada nessas palavras...
E é tanta ou pouca a gente que precisa? E será que quem precisa saberá sê-lo?
É demasiado difícil encontrá-lo e isso preocupa-me.
Infelizmente, o que não falta por aí, são amigos que fazem de conta que o são...

O texto é lindo e corresponde ao apelo de algumas almas deste mundo.

E aquele professor...ficará para sempre. Tenho tantos momentos únicos e bonitos, tão simples. E espero que não se tornem menos nítidos com o tempo.

Eu felizmente agora já tenho mais tempinho para fazer visitas:) E já tinha saudades do teu cantinho!

Muitos beijinhos, M!!

 

At domingo jun. 14, 11:18:00 da tarde, Anonymous Claudina Josefina

Esse texto realmente é a verdade que nunca queremos ver, pk axamos que estamos rodeados desse tipo de amigos, que partilham momentos e sentimentos connosco, e que nos acompanham quando mais precisamos de alguém que caminhe lado a lado connosco, e é muito mas mesmo muito triste quando nos apercebemos que por vezes esse caminhar é falso e traiçoeiro, com segundas intenções e de forma a juntar peças para nos destruir pelas costas.... Enfim, eu prefiro acreditar que estou rodeada de bons amigos, e de muitos mas muitos colegas (e com esses sim tenho que ter algum cuidado especial)...
(In)felizmente existe todo o tipo de pessoas neste mundo...
Bjinhos desta parola que se intitula de amiga (julgo)...loool...

 

At segunda jun. 15, 02:40:00 da manhã, Blogger Marina

Sim, Rute, é estranho.
Sabes que as vezes o sinto nos teus textos!
Mas, pelo menos a mim, dá-me uma certa sensação de conforto que nao se explicar... Estranho e agradavel ao mesmo tempo.
Beijinhos e boa semana para ti!

J, ainda bem que ja tens mais tempo para andar por aqui!
Eu é que nem por isso... :-(
E quanto aos amigos querem se poucos mas bons!

Amiga Quelaudina! =)
Sabes que adoro chamar te assim?
;-)
Tens toda a razao, muitas vezes somos nos que nao queremos ver, e insistimos mesmo quando nao devemos...
É complicado isso das relacoes com as pessoas...
Muitos beijinhos pra ti amiga parola! eheheh
[Espero que ja estejas melhor... ]

Boa semana para todos! =)

 

At sexta jun. 19, 08:38:00 da tarde, Blogger Ritinh@

Querida Marina.. hoje li com toda a atenção este texto.. hoje arrisco traduzir um sentir em palavras..!

É cada vez mais raro encontrar pessoas dispostas a dar, pessoas dispostas a dar sem esperar receber nada em troca! ou seja, amigos! o amigo é aquele que é capaz de se dar a si mesmo..! Somos nós capazes de o fazer, como Alguém já o fez por nós?!

Gostei mesmo muito deste texto.. acho que todos nós nos vemos espelhados nele!
Agradeço-te este bela partilha!

Sabes que estou por perto (por perto e de FERIAS!!), amiga!

Beijinho grande
Ana Rita

 

At domingo jun. 21, 01:54:00 da manhã, Blogger Marina

Ola Ana Rita!

Obrigada pela atenção! ;-)
E afinal, parece que o nosso lanche continua a espera! :p
Mas 2 anos é mesmo mt tempo! lol
E eu estou por perto, mas ainda falta tanto para as minhas ferias... :-(

Beijinhos e bom fds