17 de maio de 2009




Sempre que penso em ti, vem-me à memória a alegria com que, em miúda, esperava as tuas visitas. Não sei se sabes, mas sempre foste o meu preferido!
Uma das vezes, de tão depressa que ia para casa para te ver, caí da bicicleta e foste tu que tiveste de me levar ao Hospital. A correria valeu-me cinco pontos num lábio e estive uma semana sem conseguir comer... Mas, se era por ti, valia a pena!
Era nisso que pensava há pouco, enquanto atravessava a ponte, de regresso a casa.
Trazias-me de Lisboa os presentes mais espectaculares, coisas que ninguém tinha lá na rua. Lembro-me de quando me deste a minha primeira máquina de calcular científica e eu achei que era o presente mais fixe que alguma vez tinha recebido!
Ainda guardo os postais que me enviaste de tantos lugares. Lembro-me, em particular, de um da Madeira, com o fogo-de-artifício da passagem de ano. Não sei porquê…
Tinhas uma letra bonita e escrevias Marina com um “M” que me fazia lembrar a letra da minha mãe.
Detestava o teu bigode. Dizia-te, em pequena, que um dia, enquanto dormisses, iria cortá-lo sem que desses conta! Estranho, nestes últimos tempos, era a falta que mais estranhava em ti…
Nem sempre estávamos de acordo, eu sei. Eras de ideias fixas. Eu também.
Quando te disse que me tinha inscrito num mestrado, achaste que era um perfeito disparate.

Mas foste tu que, no primeiro dia, me foste esperar à Estação de Santa Apolónia. Emprestaste-me a tua casa para dormir e fazias-me o jantar. Nunca te disse que não gostava de lulas…
No final, quiseste estar presente no dia em que defendi a minha tese. E, tenho a certeza, tiveste orgulho em mim.
Lembro-me que, há pouco tempo, já muito doente, esperaste por mim durante horas enquanto eu não saí do Hospital. É que quando eu, ainda meia inconsciente, estava deitada no chão, foste tu que eu pedi para chamarem…
Neste dia, são tantas estas pequenas coisas de que me lembro.
Escrevê-las, é mais uma maneira de lembrar-te. Como se esquecer-te fosse possível...
Hoje ficam apenas as lembranças.
E as rosas. Para ti.



 
Meia dúzia de palavras, já escrita fora de horas, pelas 22:51
11 Comentários:


At domingo mai. 17, 11:42:00 da tarde, Blogger RR

Que texto magnífico, Marina...

Obrigado por partilhares isso...

 

At terça mai. 19, 01:21:00 da manhã, Anonymous Claudina Josefina

Completamente comovente!!!
Nunca um texto escrito por ti teve tanta emoção...

 

At terça mai. 19, 03:03:00 da tarde, Anonymous Anónimo

e tenho quase a certeza que nesse dia estavas em minha casa quando foste a voar para a tua e.... caiste :(
assustada com todo o aparato à tua volta lá fui eu com as botas do meu irmão que me chegavam quase às nádegas (lol), a correr também até tua casa para ver como estavas...
beijo da amiga da rua ;)

 

At terça mai. 19, 08:19:00 da tarde, Blogger IM

Que lindo, Marina...parabéns...

 

At quarta mai. 20, 12:41:00 da manhã, Blogger Marina

Obrigada a todos pelas palavras simpaticas.
Só fico triste porque esta carta é de despedida...

E sim, amiga da minha rua pouco anónima, era mesmo de tua casa que vinha, quando em vez de voar, aterrei forçadamente...
Eu e a minha inseparavel bicicleta!
Nem sei como nao aconteceram mais acidentes... eu guiava aquilo à doida mesmo!
Beijinhos e ate breve

 

At quarta mai. 20, 03:12:00 da manhã, Blogger Icon

Alguém que deixa essas recordações nunca vai verdadeiramente embora. Enquanto te recordares, ele está contigo!

 

At sexta mai. 22, 01:40:00 da tarde, Blogger dyphia

é tao bom ter momentos lindos para recordar e poder sentir saudade deles...
nunca vejas como um ADEUS vê sim cm um ATÉ BREVE

magnifico texto! parabéns!

 

At segunda mai. 25, 01:42:00 da manhã, Blogger Marina

Obrigada, mais uma vez...

 

At quinta mai. 28, 02:00:00 da manhã, Blogger Marina

:)
[Os sorrisos têm esse dom!]