30 de abril de 2009




Ontem vi “A Turma” com uma das minhas turmas.
Aliás, vi apenas alguns bocadinhos de filme, uma vez que durante o tempo restante estive a ver a minha turma.
9 miúdos que me desviaram a atenção do filme mais vezes do que gostaria. Apenas 9…
9 miúdos, com histórias difíceis.
Desde que, há uns meses, chegou ao cinema, tinha pensado ver este filme, na esperança de aprender qualquer coisa com ele.
Ideias, estratégias, sei lá, qualquer coisinha pequena que pudesse melhorar um bocadinho a minha maneira de lidar com estes miúdos.
Ontem vi, finalmente, o filme.

Qualquer uma das minhas aulas (que eu até considero correrem relativamente bem, perante alguns relatos que ouço nos corredores e nos Conselhos de Turma semanais) tem mais acção do que todo o filme. Bem, pelo menos, tendo em conta os bocadinhos de filme que fui espreitando...

Mas depois do desalento de quem caiu em Outubro numa escola complicada, estes miúdos já vão sendo os meus miúdos.
E a Senhora do Bar (que tem um nome difícil do qual eu agora não me lembro) já me guarda os croissants - sem nada lá dentro, ela sabe! - e tira-me sempre o café cheio, mesmo quando me esqueço de pedir.

E quando, como hoje, saio da escola a horas em que já não há porteiro, a Dª Idalina vai abrir-me o portão. “Para que a menina não tenha de voltar atrás para entregar o comando”, diz-me ela enquanto me acompanha.






















Apesar das nuvens, vê-se a ponte e sonha-se com uma outra margem.
Afinal, hoje há gaivotas no telhado da frente e uma luz dourada que dá
um toque especial no Cristo Rei.
 
27 de abril de 2009




Não sei bem o que me sufoca.
Mas, a cada momento, sinto apertar o nó sobre a minha garganta.
Comprimindo, asfixiando, segundo após segundo...
E é como se me doesse tudo e não sentisse nada ao mesmo tempo.
É como se esta dor existisse sem poder existir,
Como se fosse proibida pelas leis da Natureza.
É como se esta dor não pudesse ser real.
Afinal, o que confere às coisas e às dores esse estatuto de realidade?
É como uma atracção inevitável para o abismo,

Espiral que me afasta do chão que não me prende...

Talvez seja da largura dos horizontes que me induzem na vertigem da queda.
Talvez seja da solidão do silêncio que me desorienta e me confunde.
Pede-me o corpo este silêncio, mas falta-me a cidade a correr nas veias,
A percorrer as artérias que alimentam o meu ser.
Aqui, apenas eu, os gatos e as flores.
E os ecos dos meus pensamentos em mim.



 
19 de abril de 2009




Entrei na sapataria para ir buscar um par de sapatos previamente encomendado.
Enquanto a funcionária se deslocou ao armazém para ir buscar os referidos sapatos, aguardei junto à caixa e foi então que ouvi o seguinte diálogo entre dois rapazes que se passeavam pela loja.
- Um dia temos de experimentar aquecer.
- Aquecer? Achas?
- Sim, se aquecermos deverá ficar bom.
- Mas, aquecer para quê?
- Então, para ficar como o feijão. Se reparares, quando abres uma lata de feijão cozido, o aspecto é bastante semelhante ao das latas de Whiskas. Se aqueceres e temperares como fazes com o feijão, provavelmente, também saberá bem. Eu quero mesmo experimentar!

Os dois rapazes deslocaram-se para outra parte da loja continuando a conversa e eu fiquei a
rir, meia incrédula, tal como outra cliente que se encontrava à minha beira.

Dou comigo a pensar se já alguém terá arriscado uma “Uiscada de marisco” ou, talvez, “Uiscada à transmontana”. Quem sabe se, caso chegassem ao público, não se tornariam estes em pratos populares! Quem sabe, a serem incluídos em roteiros gastronómicos. Quem sabe...
Não, vamos lá esquecer esta alucinação.
Será de mim? Serei eu mesmo esquisita com a comida? Ou Whiskas não é definitivamente uma escolha normal para um ser humano?

Contei ao meu gato, e vejam como ficou!



























Restinho de bom Domingo e uma semana em grande!

NOTA: Em agradecimento à publicidade gratuita, penso que os senhores da referida marca poderiam fornecer qualquer coisinha para eu alimentar a família felina cá de casa e os gatos seus amigos!
Enfim, é só uma ideia que me ocorreu.
Eles sim, iriam gostar de certeza! ;-)


 
13 de abril de 2009





















Após algumas voltas e rodopios - como se de uma dança se tratasse - ousou pousar (e posar!) para mim!

Podia chamar-lhe Cartaxo-comum. [Obrigada, Pedro, pelo esclarecimento!]
Mas em latim tem um ar muito mais distinto!


Boa semana!

NOTA: Aceita-se ajuda de quem me ensinar a colocar o texto do título em itálico... :-(
 
7 de abril de 2009





Não costumo fazer planos.
Até porque, quando os faço, a vida se encarrega, quase sempre, de me mostrar que as coisas raramente dependem apenas da minha vontade.
E se, porventura, num rasgo de insanidade, ouso fazê-los, desobedeço-me quase de imediato

Sou péssima a cumprir horários e calendários, e confesso que isso até me faz sorrir. Como se essa minha rebeldia me tornasse mais livre.
Ilusão, pois. Que seja! Valem-me os sorrisos! Ou talvez seja apenas uma maneira de me desculpar dos meus atrasos…
Não costumo fazer esboços, nem rascunhos.
Aqui, neste meu canto, neste meu outro lado, escrevo o que fica do que vejo, do que penso, das voltas que dão (e que me trazem) as palavras e os olhares.
Que eu sou uma contadora de histórias! Das minhas, claro. E vou deixando, por aí, pedacinhos de mim. E daqueles que cruzam comigo, nem que apenas por instantes, e que vão deixando marcas nos meus mundos.
É por isso que neste meu refúgio dos dias, entre a grande cidade, onde correm velozes, e a calma do meu Oeste, fica quase sempre o que sinto. A quente. No momento.
Às vezes quente de mais… Às vezes a deixar ver o que, de mim, nem eu própria conheço.
E é à noite que gosto de escrever. De escrever-me. De mim para mim. E para quem arrisca entrar nestes meus Universos, ora cheios de luz, ora presos por qualquer tristeza de um sentir que me cruzou o olhar...
Sim, gosto da noite. Como se a noite deixasse fluir melhor o emaranhado de palavras que vive em mim. Bem dentro. Onde quase ninguém chega.
E hoje, ao correr dos dedos que percorrem as letras, quase sem pensar, deixei fugir este devaneio. Um suspiro entre dois pensamentos. Esta história que não o é.
Talvez volte em breve. Quando um ou outro sentir tropece em mim. E as palavras roubem um bocadinho da minha alma um outro devaneio nasça dos meus dedos. E de repente, existirão mais pedacinhos, mais histórias e sentires, à solta por aí...

Sim, talvez!
Em breve, numa outra noite qualquer.