31 de março de 2008




Procuro escolher as palavras. Devagar...
Escrevo. Apago. Volto a escrever.
A cada avanço, tenho medo que as palavras signifiquem algo que eu não queira dizer.
E tenho ainda mais receio das outras palavras que, de tão cheias de mim, é melhor não serem ditas. Que as palavras cheias ficam mais pesadas. E, tantas vezes, magoam (me) mais…
Faço uma pausa. Volto a ler cada linha, mas o texto teima em não fazer sentido.
Cada palavra escrita lembra-me um porquê para o qual ainda procuro uma resposta…

Olho para trás. Para as pegadas que os meus passos deixaram no caminho.
Vejo em mim as cicatrizes de tantas quedas.

Penso como seria se não guardássemos as memórias...
Tenho medo do “para sempre” e do “nunca mais”. Que o infinito é demasiado grande…
Escrevo mais um pouco. Apago novamente.
Fecho os olhos. A cabeça vacila. As pernas também.
Dói-me o ar frio na cara enquanto vou caindo para o vazio.
Cheio de tudo o que o meu sentir não compreende…

Irei algum dia entender?


Das palavras escritas sobram apenas estes pedaços de sentir...
Fragmentos do que as minhas mãos não conseguiram sequer escrever.


 
28 de março de 2008




























Eu só queria que o Mundo fosse um local menos inóspito...

Que isto de atravessar desertos, mesmo que eles existam só na nossa mente, não é tarefa fácil...
Diria mesmo que esses são os mais difíceis de percorrer.
Aqueles que se vão formando dentro de nós.


A água lá ao fundo? Apenas uma miragem...
 
26 de março de 2008





























Procuro conhecer os diferentes tons de azul no céu,
invisíveis na leveza de um primeiro olhar.
E vou tentando perceber as diferentes perspectivas de mim.
Na minha cabeça, com milhões de porquês para o Mundo,
sucedem-se imagens à velocidade da luz.
Tenho medo de cair para o vazio...
Ecoam gritos no meu cérebro.
Nenhum som sai dos meus lábios.
Medo, que paralisa o meu sentir.
Na loucura da velocidade a que viajam os meus pensamentos, não me encontro...
É o princípio da incerteza.
 
21 de março de 2008




Apesar de tantas vezes me terem avisado, insisti em acreditar na sinceridade das pessoas.
Costumo dizer o que penso, não costumo esconder o que vou sentindo.
Sempre acreditei na transparência. Na minha e na dos outros.

Uma opção. A minha escolha. O meu erro...

Sempre achei que o Mundo seria melhor se nos conhecêssemos como verdadeiramente somos.

Não serão as acções sinceras mais fáceis de entender?
E as palavras sinceras, mesmo que magoem, não são mais fáceis de perdoar?


Sempre escolhi acreditar na sinceridade.
E descobri o meu engano da pior maneira...






















Está Sol lá fora. É Primavera!
Que importa o meu engano?
 
14 de março de 2008





Dia de ser feliz não tem data marcada no calendário.

Não se é feliz por decreto.
 
9 de março de 2008





























No ziguezague da estrada, às vezes, tenho vertigens.
E é como se o Mundo me fugisse debaixo dos pés.
Caminho atrás da multidão mas já não conheço os meus passos.
Tento encontrar-me, mas só consigo perder-me ainda mais...


Onde estou?

[Onde estás?]







Se calhar, quero mesmo perder-me... Sobretudo de mim.

[Encontra-me...]
 
5 de março de 2008






















Pediste-me:

"- Escreve um texto sobre estes momentos felizes.
Sobre estes dias que nos sorriem em troca de nada."


E eu, sem saber muito bem o que responder - porque há coisas que se sentem mas é tão difícil traduzir em palavras... - apenas sorri!
Sei que, mesmo que não tenhas visto os meus olhos, de certeza que entendeste o meu sorriso!

Sobre estes momentos, talvez escreva mais um dia...
Hoje deixo apenas este bocadinho de mim.
Um bocadinho feliz! =)