27 de abril de 2008














Passamos o tempo de olhos postos no céu.
A tentar deseperadamente subir para chegar à altura das nuvens.
Esquecendo-nos que, de cima, se vê, somente, o lado de fora.
Por muito esforço que façamos, apenas e sempre o lado de fora...
O lado de fora das coisas, o lado de fora dos outros, tantas vezes (sempre?) apenas o lado de fora de nós.
E continuamos sem perceber...
É que para compreender, mais importante que saber voar, é preciso aprender como descer ao interior.
Ter coragem para ver o lado de dentro, quase sempre mais perigoso e sombrio.
Percorrer e tactear as cavernas, onde encerrámos (há tempo de mais...) o que nos perturbava o sentir.
Virarmo-nos do avesso e procurar entender as linhas e os nós que não se vêem do lado de fora. Esses, principalmente!
Os nós que tecemos e que nos tecem. Os nós que vamos dando e que nos fazem sermos nós.

É estranho...
Parece tão fácil de entender, mas insistimos em olhar para cima.
 
Meia dúzia de palavras, já escrita fora de horas, pelas 02:49
6 Comentários:


At segunda abr. 28, 07:07:00 da tarde, Blogger IM

Marina, ver de cima é ainda e acima de tudo ver...ver de dentro é só uma outra forma de ver também...como se fossem coisas vistas com óculos diferentes...é diferente o ponto de vista de cima para baixo e de baixo para cima...
:-)
As gaivotas vêem o que nunca te será acessível...tu vês o que elas nunca poderão ver...quem vê melhor ou mais perto da realidade? Perspectivas. Cenários. Óculos diferentes. Isto aplica-se a tudo o que nos rodeia.
E o lado de dentro é tanto mais sombrio quanto mais de fora se vê..paradoxal? Só aparentemente..
E já cheia de de tanta letra, não é? Hoje estou muito "palavrosa" como diz a Arrozinho!!!
;-)
Beijocas

 

At segunda abr. 28, 07:46:00 da tarde, Blogger IC

Olá Marina
Deixei-te um desafio no meu penúltimo post, passa por lá ;)
Beijitos

 

At terça abr. 29, 01:07:00 da manhã, Blogger Marina

IM, gosto quando ficas assim "palavrosa"! E me obrigas a desconstruir as palavras que fui escrevendo mais com o sentir do que com o pensar. [Que para mim sempre foram 2 coisas separadas... Mas adiante!]

Concordo que ver de cima seja uma outra forma de ver. Mas de que nos interessa esse ponto de vista?
De cima a realidade esta demasiado longe para poder ser vista como realmente é.
Ao longe - e de cima, está-se sempre demasiado longe - apenas ficam as manchas, perde-se o concreto.
Insistir em ver de cima, é insistir em querer ficar pela impressao das coisas e nao as conhecer realmente.

E tens razao quanto ao lado de dentro. As coisas que se vêem de fora não sao mais do que distracções de quem nao quer q se olhe para o lado de dentro. Para mim, nem aparentemente chega a ser paradoxal.

Sorry, IM, tambem estou um bocado palavrosa - alias, eu escrevo sempre muito...
Acho que nao e defeito, e feitio! :P
Ate breve, IM! =)




IC, ja fui espreitar!
Eu prometo que vou tentar, apesar de ser dificil...
Eu passo a vida importada com tanta coisa... Mesmo com aquelas que nao me deviam importar.
Mas eu brevemente tratarei do desafio! Ta prometido! ;-)

Beijitos para as duas "Isabeis" - sera q é assim q se diz?

 

At terça abr. 29, 08:43:00 da manhã, Blogger IM

Então vá, continuando nessa coisa de desconstruir

"Concordo que ver de cima seja uma outra forma de ver. Mas de que nos interessa esse ponto de vista?"
E por que não? Que critério para distinguir o "melhor" ponto de vista? Na realidade, quase sem nos darmos conta, usamos o ponto de vista mais próximo...por feitio, defeito, formatação social ou psicológica...
"De cima a realidade esta demasiado longe para poder ser vista como realmente é."
Ui!!!! Agora estamos num atoleiro de questões...repara...a distância que vai de cima a baixo é exactamente a mesma que vai de baixo a cima...tendemos a alongar a distância que vai de nós aos outros e a encurtar a distência que vai dos outros a nós e é a mesma...agora...a realidade vista como ela é?...hummmm...Marina, Marina...o que é a realidade? Como a podes definir fora dos teus filtros e das tuas possibilidades? Não podes? Quantas realidades existem? As que tu quiseres..olha, quando vou com o meu Mikas à rua sou confrontada com a real impossibilidade de convergência de duas realidades distintas: a minha e a dele...ele cheira coisas que não sinto; ele apercebe-se de pistas que não constato; ele ouve ruídos imperceptíveis para mim...se ouve, vê, cheira tudo isso é porque existe tudo isso...para mim não existe...não faz parte do meu quadro de referências, é o limite das minhas possibilidades humanas.Eu, todavia, vejo cores que ele não vê, penso coisas que ele não pensa...qual dos dois está mais perto da reaidade? Há alguma? Ou a realidade é, em rigor, o que conseguimos definir dentro dos limites da nossa circunstância??? É que nesta perspectiva, quem vê de cima ou quem vê de baixo está à mesma distância das coisas, só que em registos completamente diferentes....
Ao longe - e de cima, está-se sempre demasiado longe - apenas ficam as manchas, perde-se o concreto.
Insistir em ver de cima, é insistir em querer ficar pela impressao das coisas e nao as conhecer realmente.
Peço desculpa por este comment muito (este sim!) palavroso, pouco indicado a esta hora da manhã!!!...ehehehheeh

 

At terça abr. 29, 08:45:00 da manhã, Blogger IM

Xiiii...colei um pedaço a mais do teu post no final que não comentei...sorry...
:-((

 

At sábado mai. 03, 03:51:00 da tarde, Blogger Marina

IM, so respondo agora, que isso de desconstruir leva assim um certo tempo - coisa que me tem faltado...

Ora bem, concordo que a realidade nao seja uma coisa absoluta.
Mas acho que é por isso que a partilha é uma coisa importante. Quando falamos aos outros do que vemos, do que sentimos, do que pensamos (mesmo que sejam só pequenas pontas de nós) estamos a cruzar realidades e encurtamos essa distancia que vai de nos aos outros.
E eu tento encurtar distâncias!

Não quero dizer que devemos todos pensar igual e "ver a mesma realidade" - é a diversidade de realidades que nos enriquece, certo? Eu pelo menos acho que sim!
Mas é que as vezes usamos essa desculpa das diferenças para nem sequer nos tentarmos entender...

Passamos o tempo distraidos com a diversidade das aparencias sem tentarmos compreender o conteudo.
Muitas vezes nem sequer temos coragem para tentar compreender o nosso conteúdo...
E tantas vezes os interiores até sao parecidos...

Era apenas disso que eu falava!

Beijitos e bom fds =)

[Isto de tanta filofia para uma rapariga das ciencias, tem muito que se lhe diga!]