Procuro escolher as palavras. Devagar...
Escrevo. Apago. Volto a escrever.
A cada avanço, tenho medo que as palavras signifiquem algo que eu não queira dizer.
E tenho ainda mais receio das outras palavras que, de tão cheias de mim, é melhor não serem ditas. Que as palavras cheias ficam mais pesadas. E, tantas vezes, magoam (me) mais…
Faço uma pausa. Volto a ler cada linha, mas o texto teima em não fazer sentido.
Cada palavra escrita lembra-me um porquê para o qual ainda procuro uma resposta…
Olho para trás. Para as pegadas que os meus passos deixaram no caminho.
Vejo em mim as cicatrizes de tantas quedas.
Penso como seria se não guardássemos as memórias...
Tenho medo do “para sempre” e do “nunca mais”. Que o infinito é demasiado grande…
Escrevo mais um pouco. Apago novamente.
Fecho os olhos. A cabeça vacila. As pernas também.
Dói-me o ar frio na cara enquanto vou caindo para o vazio.
Cheio de tudo o que o meu sentir não compreende…
Irei algum dia entender?
Das palavras escritas sobram apenas estes pedaços de sentir...
Fragmentos do que as minhas mãos não conseguiram sequer escrever.