6 de fevereiro de 2009




(ou como se arranjam as ruas esburacadas da capital)

Enquanto cantarolava qualquer coisa da rádio, conduzia o meu carro, tranquila e serena, por uma das avenidas de Lisboa.
O sinal vermelho fez-me parar, tal como aos carros que se encontravam nas duas filas à minha esquerda.
E, de repente, senti-me no meio de um filme!

Sim, que a cena que vou passar a descrever, não parecia, de modo nenhum, real!
Vindos sabe Deus de onde, apareceram, em frente ao meu carro, uns três ou quatro indivíduos que, enquanto gesticulavam, agitavam no ar umas enormes pás.
- Ai que é desta que vou aparecer nos apanhados – pensei!

Olhei para o lado, o condutor da fila mais esquerda ria à gargalhada! Só podia ser!
Mas os indivíduos, à minha frente, continuavam a gesticular.

Apesar do rádio não me deixar perceber o que diziam, achei que não seria, de todo, uma comédia.
Perante tal insistência, o meu cérebro, rapidamente, mudou de registo.
- Ai que, afinal, vou ser assaltada sob ameaça de me destruírem o meu carro “à pazada”!
Instintivamente fechei os vidros e desliguei o rádio.

- Em pleno dia! Numa das ruas mais movimentadas de Lisboa! Como podia ser!
Foi então que ouvi um dos homens, gritando para o ar.
- Traz o balde!
E, nesse momento, eis que surge mais um homem, num ritmo verdadeiramente alucinante, que correu agilmente até se posicionar em frente ao carro que se encontrava na fila do meio.
A maneira como andava fazia lembrar as gazelas naqueles documentários que dão ao sábado antes de almoço.
Foi aí que o Homem-gazela despejou o que me pareceu ser alcatrão para dentro de um dos milhões de buracos que invadiram a capital nesta última semana (resultado do fim-de-semana invernoso…) e fugiu, ainda mais rapidamente, para a berma, onde vim a descobrir uma carrinha carregadinha de baldes, provavelmente para usar pelas restantes ruas e avenidas da cidade.
Quando eu achei que a cena já teria terminado, um dos outros homens agita a respectiva pá no ar, mesmo por cima do vidro do meu carro, e grita mais uma vez.
- Traz mais outro!
E o Homem-gazela voltou, tão rapidamente como tinha ido, com mais um balde de alcatrão.
Enquanto compunham o alcatrão, o semáforo ficou verde e, tão depressa como vieram, os homens das pás fugiram para o passeio.
Eu, ainda incrédula, segui rumo a Sul.

E é assim que, num abrir e fechar de olhos, que é como quem diz, num "mudar de cor de semáforo", se remendam os buracos das ruas Lisboa!
 
Meia dúzia de palavras, já escrita fora de horas, pelas 02:09
7 Comentários:


At sexta fev. 06, 09:14:00 da manhã, Blogger Ritinh@

LOOL :D
Que riso!!

 

At sexta fev. 06, 11:53:00 da tarde, Blogger barriguita

serena a conduzir em Lisboa... deves ser a super mulher ;)

 

At sábado fev. 07, 03:18:00 da manhã, Blogger Marina

Ana Rita, um dia destes tens de vir conhecer a maison ramadense!
;-)

Mau feitio... és tu Sónia?
Estou um pouco confusa... :S

Barriguita, ao principio parece "bué" difícil mas depois a malta habitua-se.
É como conduzir em Saint John of the Timber ou Hot Baths of the Queen ou noutro sitio qualquer! ;-)
E quanto a superpoderes, é obvio que tenho mas nao posso aqui revelar! :P

eheheheheheheheheheheheh

Bom fim de semana! =)

 

At sábado fev. 07, 09:43:00 da manhã, Anonymous Anónimo

Surreal!!

Caso para perguntar: será que os buracos ficam bem tapados dessa maneira?!

Admiro a tua serenidade para conduzir em Lisboa, as vezes que o tenho de fazer, dá-me cá um stress.

Beijinhos, bom fds

 

At sábado fev. 07, 04:58:00 da tarde, Anonymous Anónimo

LOOOOOOOOOL
:)) hilariante!
E sabes conta-lo de uma forma tão bem ornamentada :)

É um pouco duvidoso o facto de taparem assim buracos, nesses " aproveita tempo " LOL :O

 

At domingo fev. 08, 03:40:00 da tarde, Blogger Marina

Pois, meninas, aquilo é mesmo duvidoso.
Ainda ontem voltei a passar lá, e o buraco já estava novamente "ao serviço"!

Bom Domingo!