13 de novembro de 2008






























Entro no quarto.
Cheio de coisas, mas vazio de mim.
Tacteando no escuro encontro despojos de outras lutas.
Tantos objectos, muitas lembranças.
[Algumas que preferia não guardar...]
O pó levanta-se à minha passagem.
E dança. E cola-se ao corpo.
E é cada vez mais difícil respirar.
Sufoco de pó e memórias...

Procuro-me mas já não posso encontrar-me.
Deixei a minha casa abandonada, povoada pelos fantasmas que criei.
E fui ficando, em pedaços, nas arenas onde travei cada uma das batalhas.
Sobram apenas os ecos de um outro eu. Que a cada dia vão perdendo nitidez...

Talvez um dia eu encontre os meus pedaços e me ajudes a colá-los para fazer um vaso novo.
Talvez um dia aceites ser o meu oleiro...
 
Meia dúzia de palavras, já escrita fora de horas, pelas 02:34
3 Comentários:


At quinta nov. 13, 07:49:00 da manhã, Anonymous Anónimo

Muito bonito mesmo!

Mas atenção marina!
Colar cacos não constroi um vaso novo... Pq não começa esse oleiro um vaso novo?! Com outro tipo de barro... um mais resistente as "batalhas em arenas" e ao passar do tempo!
A vida é feita de mtos vasos e ñ de apenas um... Afinal de conta todos os artistas fazem muitos esboços até chegar a "obra prima".

É só uma opinião.
Beijocas

 

At sexta nov. 14, 10:20:00 da tarde, Anonymous Anónimo

Concordo com a Sílvia. Isto de pôr a nossa felicidade nas mãos de outrem, ainda por cima oleiro... vai-se a ver, faz-nos o nariz demasiado grande, põe-nos uma perna mais curta que a outra,... ná!

 

At domingo nov. 16, 08:09:00 da tarde, Blogger Marina

Silvia Cristina, cada vez me surpreendes mais com esses toques de poesia no que escreves! ;-)
Afinal quando é que tu arranjas um blog? ;-)
Mas olha que eu acho que vida não nos dá assim tantas hipoteses para andar em esboços e tentativas.
E muitas vezes os pedaços afiados dos vasos que partimos não deixam que comecemos de novo...
Um beijinho cheio de carinho pra ti. *

Bell, simplesmente obrigada por me fazeres rir! =)