
Entro no quarto.
Cheio de coisas, mas vazio de mim.
Tacteando no escuro encontro despojos de outras lutas.
Tantos objectos, muitas lembranças.
[Algumas que preferia não guardar...]
O pó levanta-se à minha passagem.
E dança. E cola-se ao corpo.
E é cada vez mais difícil respirar.
Sufoco de pó e memórias...
Procuro-me mas já não posso encontrar-me.
Deixei a minha casa abandonada, povoada pelos fantasmas que criei.
E fui ficando, em pedaços, nas arenas onde travei cada uma das batalhas.
Sobram apenas os ecos de um outro eu. Que a cada dia vão perdendo nitidez...
Talvez um dia eu encontre os meus pedaços e me ajudes a colá-los para fazer um vaso novo.
Talvez um dia aceites ser o meu oleiro...