30 de agosto de 2007






Pode não parecer, mas escrever é um acto perigoso.
Torna as coisas reais. Às vezes, demasiado...
Partindo dos nossos pensamentos, dá-lhes forma.
Traz à luz o que nem sabíamos ter pensado.
O que sentimos e nem nos lembramos...
É que depois de se escrever, já não se pode voltar atrás e fingir que não se sentiu.
Porque mesmo quando é possível, apagar o que se escreve deixa marcas permanentes.
A escrever, é difícil escondermo-nos. Mesmo de nós. Principalmente de nós.
E quando, com dificuldade, o conseguimos fazer, mais vale não escrever uma única palavra.
Que é talvez mais útil não escrever do que escrever o que não se sente.
 
24 de agosto de 2007




















Da outra metade de mim não se sabe.
Do que não se vê.
Do que não se diz.
Do que não se ousa pensar...

Da outra metade de mim nem eu sei.
É tão difícil alargar a perspectiva!
Da outra metade de mim...
...só se pode adivinhar.
 
21 de agosto de 2007




Ir "à terra" passar uns dias de férias.
Para muitas das pessoas que conheço, ir "à terra" significa viajar até uma qualquer aldeia perdida no Alentejo ou no meio da Serra da Estrela.

Para mim a viagem é um bocado mais fácil!
A "terra" fica no distrito de Leiria, perto do mar e da civilização.
Mas acredito que qualquer aldeia recôndita do interior profundo será mais evoluída que esta!
Costumo dizer por aí, que há 3 coisas fundamentais, mesmo para a mais insignificante das aldeias: um café, uma mercearia e uma capela. A minha não tem nenhuma das 3!
Aqui, na "terra", não se passa nada...
As conversas acabam depressa.
Os dias correm devagar.
Devagar de mais, para mim, habituada desde há muito à agitação da cidade. Seja ela qual for...
Que de todas as terras onde já vivi, esta é a que é menos minha...

Nunca o foi.
 
17 de agosto de 2007
















Era uma vez um saco azul.
Ou melhor, não era bem um saco, era uma mala.
Bem, na verdade, o pó já lhe tinha roubado um pouco do azul de outros tempos...
Mas para esta história pouco importa.
O que eu vos quero contar é que a referida mala azul,
tal como os outros sacos azuis que já ouvi falar, esteve envolvida num crime.
Sim, leram bem, um crime!
Não foi notícia na TV, mas desde já vos aviso que foi um acontecimento dramático.

Do local do crime, apenas sei que foi mais ou menos no fim-do-mundo, virando à direita.
Ou à esquerda, que vai dar mais ou menos ao mesmo sítio...
Dos criminosos, pouco posso dizer (infelizmente).
Um casal "simpático", fingindo pedir informações com um mapa de estradas, com intenções de se aproveitarem da boa-vontade da dona da mala.
Do crime, também só sei que, por artes quase mágicas, enquanto a dona da mala explicava, cuidadosamente, as direcções que deveriam seguir, os tais criminosos levaram com eles a referida mala azul.
O problema é que, tal e qual uma promoção de supermercado, no roubo da mala estava incluído todo o recheio que, felizmente, não era muito.
A dona da mala...era eu...

Por isso, antes de me perguntarem se o meu gato nunca mais cresce para eu actualizar a fotografia no messenger, lembrem-se desta história.
É claro que o meu gato cresceu e está lindo!
Eu só não actualizo as fotografias porque dentro da tal mala azul foi a minha adorada máquina fotográfica... :-(

PS: Se houver alguém a ler este texto que tenha muito interesse em fazer-me feliz, saiba que eu faço anos em menos de um mês e meio e uma máquina nova seria um bom presente! =)
Como alternativa, ainda continuo a precisar de um portátil...
 
9 de agosto de 2007
















[Santa Cruz, Julho 2007]

Fiz-me ao caminho desatenta.
Ignorei os sinais.
Esqueci a bússula.
Sem querer, rasguei o mapa.
E, enquanto caminhava, perdi de novo o rumo dos meus passos...

Não me procurem aqui.
Estou apenas de passagem!
Ando em busca do lugar onde os meus passos ficaram.

Algures, dentro de mim...