Pelo caminho, enquanto conduzo entre curvas e serras, vêm-me mil ideias à cabeça.
Afinal, sempre foi durante as viagens que nasceu a grande maioria das minhas estórias.
Hoje penso, mais uma vez, que, apesar de nunca ter sido uma serial writer, cada vez escrevo menos.
O tempo, sendo um dos culpados não será o único.
É que, apesar do prazer que dá, escrever exige esforço.
Pensar nos casamentos de palavras.
Dizer o que se quer, dizer apenas o que se quer, brincar com os sentidos das coisas, sem perder o sentido do que se quer deixar escapar por entre os dedos que se movem, como que acariciando o teclado, ora avançando, ora apagando qualquer coisa que saiu lá mais de dentro.
Não é, de todo, tarefa fácil esta de traduzir sentires em palavras.
Chego a casa. O relógio marca quase uma da manhã.
Não resisti à moda e também tenho uma quinta. Colho batatas, dou comida às galinhas.
E o meu tempo, inimigo de sempre, obriga-me a escolher.
E, quase sempre, escolho o caminho mais fácil…
É que brincar às quintas é bem menos exigente do que escrever textos.