
Cresci à beira da Serra.
Desde sempre que ali esteve, em tons de cinzento, resultado das pedras e dos muitos incêndios.
Tão perto, e ao mesmo tempo tão distante, esta Serra foi permanecendo ao meu lado, ao longo dos anos, de forma quase imperceptível.
Que eu sempre estive mais voltada para o mar…
Há duas semanas que o meu caminho cruzou a Serra pela primeira vez.
E descobri que, afinal, a Serra não terminava onde o parava o meu olhar!
Atravesso-a, agora, todos os dias e, pouco a pouco, vou descobrindo o lado de lá.
No silêncio da manhã, caminho em direcção ao Sol que nasce, ainda a medo.
E, pela primeira vez, apesar das horas que teimam em passar rapidamente, perco a pressa em chegar ao outro lado.
Procuro absorver cada perspectiva, cada ângulo, cada pormenor.
Chego com os olhos inchados do sono e do esforço da estrada, mas cheios da beleza de cada imagem.
Fascino-me, a cada dia, com a imponência desta Serra da qual pouco me apercebia. E admiro a suavidade com que acolhe as casas plantadas nas encostas e as gentes que ali vivem.
No regresso, o Sol já quase se pôs no meu Oeste.
Amanhã será um novo dia e um caminho novo.
E esta Serra terá para mim um novo olhar.