31 de julho de 2010




Amanhã será, mais uma vez, tempo de partir.
À minha volta, um enorme corrupio de sacos, malas, malinhas, caixas e outros objectos semelhantes que me asfixiam o olhar.

Através da janela (que ainda não fechei) vejo as casas dos vizinhos e ouço a minha cidade.
De um lado os carros, poucos a esta hora. Do outro, os grilos e os cães da vizinhança, que até há pouco mantiveram um aceso diálogo.
Gosto deste silêncio que me invade e que me afasta do presente.

Das malas e dos sacos. E da pressa e do nervoso da viagem.

Não me lembro de alguma vez ter um ano tão cheio.
Definitivamente que há muito não tinha um ano tão agradavelmente cheio.

Será verdade ou apenas memória curta de tão cansada que estou?
Desta vez, a primeira em alguns anos, penso que, em breve, voltarei a este mesmo chão.
E, à noite, voltarei a ouvir os cães e os grilos e os gatos vadios do costume (que hoje se ausentaram e andarão, talvez, por outras paragens...).
E talvez, quando chegar Setembro, as obras da Creche estejam prontas e, durante o dia, ouvirei as crianças.


Desta vez, deixo os livros nas estantes e dos CDs levo só uma meia dúzia que acho que me fará falta. À alma. Talvez para quando me lembrar de ti