21 de janeiro de 2010




Pelo caminho, enquanto conduzo entre curvas e serras, vêm-me mil ideias à cabeça.
Afinal, sempre foi durante as viagens que nasceu a grande maioria das minhas estórias.
Hoje penso, mais uma vez, que, apesar de nunca ter sido uma serial writer, cada vez escrevo menos.
O tempo, sendo um dos culpados não será o único.
É que, apesar do prazer que dá, escrever exige esforço.
Pensar nos casamentos de palavras.
Dizer o que se quer, dizer apenas o que se quer, brincar com os sentidos das coisas, sem perder o sentido do que se quer deixar escapar por entre os dedos que se movem, como que acariciando o teclado, ora avançando, ora apagando qualquer coisa que saiu lá mais de dentro.
Não é, de todo, tarefa fácil esta de traduzir sentires em palavras.

Chego a casa. O relógio marca quase uma da manhã.
Não resisti à moda e também tenho uma quinta. Colho batatas, dou comida às galinhas.
E o meu tempo, inimigo de sempre, obriga-me a escolher.
E, quase sempre, escolho o caminho mais fácil…
É que brincar às quintas é bem menos exigente do que escrever textos.
 
11 de janeiro de 2010




Têm-me dito, ultimamente, que estou a tornar-me cada vez mais parecida à minha mãe.

Medo ou orgulho?

Uma mistura dos dois que ainda não sei bem definir...
 
8 de janeiro de 2010




Se há dias em que não passas de uma memória distante, bem escondida num qualquer recanto do meu cérebro, outros há em que, pelos mais diversos motivos, me lembro mais de ti.
Talvez seja a música que toca no rádio do carro, talvez alguém na rua que diz uma frase usando “palavras tuas”, talvez alguém que pronuncia um nome que, por coincidência, é o teu.
Como hoje, enquanto “arrumo” as fotografias antigas e te encontro no meio dos meus dias que passaram, tantas vezes ao teu lado.
Sinceramente, não fossem as fotografias e já não me lembrava bem dos teus olhos ou dos jeitos do teu cabelo. Nunca tive uma boa memória fotográfica…
O que recordo é sobretudo a tua voz. O teu jeito de pronunciares as palavras. As conversas. Os sorrisos!
É verdade que já foi há algum tempo... Às vezes parece-me tanto tempo…
Há dias assim, em que te tornas presente. Em que se torna presente o que foi passado de nós.
Como se nunca tivesses optado pelo silêncio.
E ainda hoje pudéssemos partilhar fotografias e sentires.
E nestes dias, nasce em mim uma pontinha de saudade.
Saudades desses tempos que foram bons. Que, por mais que tente, não consigo esquecer.
Que cada vez mais tenho a certeza de que não poderão voltar, embora, em alguns destes dias, tenha ainda em mim a esperança de que tudo é possível. Bastasse a nossa vontade...
Há dias assim, em que até os sonhos me lembram de ti.
Se calhar, sou simplesmente eu que ainda tenho tantas coisas para (te) dizer…