30 de novembro de 2008




























O tempo vai deixando, em nós, cicatrizes que não conseguimos disfarçar…
 
25 de novembro de 2008





















Sempre gostei muito do Outono no meu Oeste.
Sempre gostei da serenidade destes dias, tocados pela delicadeza da luz e pelo dourado das cores.
Gosto especialmente do final das tardes, quando o Sol já está mais baixo e o ar frio começa a envolver o nariz.
Tem qualquer coisa de especial este frio de fim de dia, que cheira a lareiras e aquece qualquer coisa em mim!

É nestas alturas que, às vezes, num rasgo de loucura, me esqueço do tempo e encontro finalmente algum tempo para me encontrar.
E é nesses momentos, em que arrisco uma breve contemplação dos meus mundos, sentada nas pedras do poço do meu avô - um dos meus locais preferidos - que os meus gatos vêm ao meu encontro.
Sempre achei que curioso que me procurem quando estou imersa nos meus pensamentos. Lembro-me que sempre foi assim, desde a infância, e essas lembranças fazem-me sorrir!
Como os meus gatos sempre entenderam o que sinto tão melhor do que os humanos!
E enquanto caminho, ao encontro de mim, procurando (tantas vezes em vão…) respostas para o que não entendo, são eles que me acompanham.



















Às vezes desafiam-me a segui-los, seguindo ao acaso pelas ruazitas nesta terra perdida entre o mar e a serra.
Ontem foi um destes dias. Em que decidimos partir por aí.
Eu e os meus 4 gatos. A número cinco, carinhosamente chamada de Princesa Lily, preferiu, desta vez, o quentinho da palha (e mesmo quando regressei, decidiu continuar a dormir e ignorar os meus chamamentos...).

Com os outros caminhei, perdendo-me e encontrando-me a cada esquina.
Com eles a enrolarem-se nas minhas pernas e a procurarem o toque das minhas mãos.
Cada um com um jeito diferente de me entender e mimar. Não sei quem fica mais feliz com estas cumplicidades – se eu se eles!
Até que o Sol finalmente se pôs, o nariz ficou frio de mais e eu lembrei-me do tempo.
E, de repente, foi tempo para que também eu regressasse ao quentinho da lareira.

Os gatos? Esses ficaram na rua - a aproveitar mais um pouco a liberdade que o seu estatuto lhes confere.


O dia de hoje teve muito menos serenidade.
Talvez pela falta dos tons dourados no céu, talvez pela correria dos dias, também por tantas outras coisas de que não vou agora falar...
O texto, preparado de véspera - coisa rara por aqui - teve de esperar pela companhia das fotos. E apesar desta mistura de sentires, entre o ontem e o hoje, não quis deixar de o partilhar aqui.
 
20 de novembro de 2008





E enquanto procurava a localização do Posto dos Correios mais próximo, eis o que descobri sobre a minha nova freguesia:

- 00 000 Habitantes
- 0 000 habitantes/km2
- 0,00 Km2 de área
(Encontrei e podem confirmar aqui!)

Ok, ainda não me tinha apercebido, mas estou a morar num sítio que não existe!!! :-|
Estarei num equivalente português ao triângulo das bermudas?
Medo... muito medo...
 
16 de novembro de 2008




Às vezes, em Novembro, existem noites com um agradável sabor a Carnaval.

=)
 
13 de novembro de 2008






























Entro no quarto.
Cheio de coisas, mas vazio de mim.
Tacteando no escuro encontro despojos de outras lutas.
Tantos objectos, muitas lembranças.
[Algumas que preferia não guardar...]
O pó levanta-se à minha passagem.
E dança. E cola-se ao corpo.
E é cada vez mais difícil respirar.
Sufoco de pó e memórias...

Procuro-me mas já não posso encontrar-me.
Deixei a minha casa abandonada, povoada pelos fantasmas que criei.
E fui ficando, em pedaços, nas arenas onde travei cada uma das batalhas.
Sobram apenas os ecos de um outro eu. Que a cada dia vão perdendo nitidez...

Talvez um dia eu encontre os meus pedaços e me ajudes a colá-los para fazer um vaso novo.
Talvez um dia aceites ser o meu oleiro...
 
4 de novembro de 2008




Não costumo falar de escola aqui neste meu canto.
Não que não tenha mil e uma histórias para contar mas, simplesmente, porque não gosto, neste espaço, de expor aqueles que comigo partilham os dias.
Desta vez há algumas coisas que não aguento calar…
Há cerca de semana e meia que mudei de Escola.
Aliás, chamar “Escola” ao edifício onde agora trabalho, é uma figura de estilo.
Um eufemismo, uma hipérbole, qualquer coisa que não sei muito bem.
Que aquela casa não é parecida com nenhuma das Escolas que conheci até agora…

Hoje perguntei na sala dos professores se alguém saberia onde encontrar um furador.
Os colegas riram-se de mim como se eu tivesse perguntado por uma frigideira ou pelo gel de banho.
CLARO que lá não há furadores. Nem agrafadores. Nem fotocopiadoras. Nem impressoras que funcionem. Nem retroprojectores disponíveis. Nem portáteis. Nem sequer computadores fixos, onde seja possível trabalhar num documento em Word ou Excel. E claro que não há salas de informática. Ou salas de estudo. Mas estas também não são precisas porque ninguém estuda por ali…
E tudo é normal. Pelo menos querem fazer-me acreditar que sim.
Diz-me um amigo, com quem desabafo, que parece um livro de Kafka.
Imagino constantemente que vão dizer-me entretanto que, afinal, isto tem sido uma brincadeira, que é tudo para os apanhados. Aguardo ansiosamente por esse momento.
Até lá, pela primeira vez, sinto-me como uma condenada a cumprir pena…